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Abusada no metro de SP é culpada pelo abuso segundo justiça.

Em outubro de 2015, uma passageira do metrô de SP sofreu abuso sexual dentro de uma composição. Os seguranças do metropolitano detiveram o suspeito e a vítima entrou com uma ação na justiça pedindo indenização por danos morais. O metrô alega não ser responsável pela conduta de terceiros, já que o agressor não tem qualquer vínculo com a empresa. A culpa da empresa de fato é questionável e passível de discussão na justiça, que negou o provimento da ação.

foto de G1.com
O grande problema é o motivo da negativa, proferida por uma mulher, a juíza Tamara Hochgreb Matos. consta da sentença que a vítima "ficou impassível e nada fez enquanto era tocada por terceiro, ocasionando a demora na intervenção" e que "se a autora tivesse demonstrado seu incomodo de forma inequívoca, os seguranças poderiam ter evitado a ação".

Fosse um homem o juiz do caso poderia se cogitar ato de machismo e insensibilidade por não ter noção do que seja ser molestada por um estranho, mas a doutora Tamara, pelo que se sabe, é mulher de "fato e de direito".

Não há registro de protestos veementes das feministas e nem foi encontrado hashtag bombando nas redes sociais contra o estupro. As atitudes veladas e subliminares que reinam em nossa sociedade e levam aos casos absurdos como o estupro coletivo no RJ ou o massacre contra homossexuais precisam ser combatidas em sua gênese.

São as atitudes como a da meritíssima senhora Tamara que, absorvidas a conta gotas, fincam o mastro indelével do machismo, da homofobia e do racismo em nossa cultura. Estas atitudes matam mais, causam mais estragos e por passarem de largo da pauta cotidiana da maioria convergem para crimes covardes e brutais de grande monta, como o estupro coletivo.

Somos os campeões mundiais de violência contra a mulher e a comunidade LGBT e em grande parte porque você concorda e compactua com isto quando não refuta atitudes como esta decisão da justiça oficializando a culpabilidade da vitima e quando fica indiferente aos pequenos massacres que vão sofrendo nossas "minorias".

a juiza poderia negar a indenização por diversos motivos, inclusive por entender que o metrô não pode ser responsável pelas atitudes dos passageiros, por ser "público" e acessível a qualquer um que compre um bilhete de passagem, independente de sua índole. Seria questionável (como de fato é) mas não criminoso.

Esperar que uma mulher vitima de um molestador renegue seus instintos e medos, ignore o constrangimento e dê um "passa moleque" no agressor é dar um salvo contudo: Ataquem as mulheres! Se elas não reagirem, tá tudo bem. Só não venham em bandos e nem façam piadinhas nas redes sociais. Francamente doutora! francamente sociedade brasileira! 

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

Eduardo Alves da Costa

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