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A depressão das coisas.

O jornalista Matheus Pichonelli escreveu em seu blog no portal UOL um excelente artigo sobre os alertas da depressão. Contando em 10 alertas os passos que o levaram da apatia ao auxilio profissional e o ao diagnóstico. Não sei se sem perceber, mas as redes sociais estão lá, meio que intrínsecas a vida e a história contada. Faz tempo ouvimos falar sobre a internet das coisas, um mundo onde tudo será conectado. imagino que neste mundo sua geladeira será um perigo potencial para seu cartão de credito ao fazer sua lista de compras e enviar para aquele supermercado de sempre, aquele mesmo que não cumpre os prazos de entrega nunca. Mas não só.  Faz tempo também ouvimos falar que a depressão é o novo "mal du siècle" (mal do século, segundo Chateaubriand). O que não me lembro de ter visto por ai é uma associação direta entre a era da comunicação, as redes sociais e a depressão epidêmica. 
Foto: iStock... - Ilustra o artigo original


 Na internet todo mundo é bom, inteligente, honesto, solidário, de bem coma vida, bem sucedido e feliz. Na internet, desta feita sem explicitar tanto, todo mundo é também "maria-vai-com-as-outras". Quem ousa pensar na vida real, aquela que Nelson Rodrigues chamava de "Como ela é", onde as pessoas sofrem, sentem -e fazem- coisas pouco nobres, passam por maus bocados e eventualmente não gostam/gostam demais de Pablo Vitar da música do momento acaba se tornando um alienígena. 

Quem tem senso crítico acaba achando tudo fake (esta palavra que você aprendeu na internet) demais, tudo enfadonho demais, tudo chato demais e se tornando - ou percebendo - uma pessoa blasé (esta palavra que você só conhece se costuma ler bons livros ou ver bons filmes e indica uma pessoa indiferente ao mundo em sua volta pelas circunstâncias da vida). 

Quem não tem tanta capacidade analítica assim acaba avaliando ser uma pessoa pior que as outras, um ser humano inferior, por não conseguir atingir sempre os picos de felicidade que pululam em sua timeline. 

O Matheus apagou sua conta no FaceBook (quem nunca?) mas isto durou só uma semana.  Por ser uma pessoa esclarecida e inquieta acabou encontrando o caminho do consultório, ainda que sem acusar qualquer relação entre uma atitude e outra. muita gente resolve deletar-se da vida real, fazendo explodir o número de suicídios consumados (porque as pessoas não querem mais chamar a atenção para si, quando geralmente param na tentativa;  julgam ser tão desimportantes que desistem de fato da vida). 

Uma lida rápida nos comentários (eu sempre acho que as coisas imperdíveis se escondem por lá, em meio aos comentários irrelevantes e os nonsense) mostra uma adesão absurda ao estado de espirito do autor, descontando o desvio padrão do efeito de manada (lembra da maria-vai-com-as-outras?) é razoável e preocupante pensar que a internet está nos deixando doentes.

O mundo virtual conecta as pessoas umas as outras, mas desconecta-as da realidade. Precisamos, quem sabe, resgatar os livros de papel, os abraços de corpo presente e a busca pelo autoconhecimento. E acredite, a verdade sobre a vida não está na rede social.

Leia o artigo:

Um comentário

eleitor do face disse...

na politica também. se for contra o Lula ou a favor, se for contra o bolsonaro ou a favor, o alckimim, qqr um. acho que a eleição vai empatar se for pelo facebook. kkkkkk