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Mulher de segunda

 Na última semana ganharam destaque na mídia e nas redes sociais alguns casos emblemáticos do papel da mulher na sociedade atual. Curiosamente, o mais relevante acabou passando batido. Por ordem de "audiência": O Santos foi obrigado a suspender o contrato do jogador Robinho, acusado de abusar de uma mulher numa boate; a justiça baiana mandou prender o covardão que já espancou a mãe, a irmã e mais tantas e agora ficou "famosinho" por agredir a companheira com 11 socos em Ilhéus; o candidato a vice-prefeito na chapa de Bruno Covas, Ricardo Nunes, foi acusado de agredir e perseguir a mulher por não aceitar a separação e por último, com bem menos destaque, mas não menos relevante: Um ex marido esfaqueou a mulher numa igreja de Minas Gerais, alegou legitima defesa da honra, foi absolvido pelo tribunal do juri e a sentença foi referendada pelo STF.

No caso do jogador famoso, foi preciso a ameaça de rompimento dos patrocinadores para que o clube de futebol desistisse de contrata-lo. Não fosse assim ele estaria gozando de todos os privilegios, tocando a vida normalmente, sem sequer pensar em reparação pelo dano que causou, ja que apesar da condenação na justiça italiana o Brasil não extradita seus cidadãos e ele provavelmente jamais pagará por seu crime. Uma mulher ser estuprada por cinco homens enquanto comemora seu aniversário não deveria ser algo aceitável e sim, ele deveria pagar pelo que fez. Além da impunidade, ainda ser contratado como ídolo de um time de futebol com a história do Santos para ser reverenciado como herói, seria realmente demais.

No caso do covardão de Ilheus, consta que o homem tem 11 registros policiais anteriores, incluindo mulheres da familia e a propria mãe, a quem agredia em busca de dinheiro. Foi preciso uma grita nas redes sociais (meses depois do ocorrido, diga-se) para que a policia e a justiça se mobilizasse a fim de deter o agressor contumas. A propria vitima ja tinha reatado o relacionamento e sido novamente agredida, até conseguir se livrar de vez. Não fosse o acaso da viralizaçãoo do vídeo, o homem estava em plena campanha e poderia se tornar um vereador, representante dos anseios do povo na camara legislativa local.

Já no caso do vereador Ricardo Nunes, candidato a vice na chapa do atual prefeito da maior cidade da america latina, escolhido por representar os eleitores conservadores e religiosos, sua atual mulher registrou boletim do ocorrencia por tê-lo deixado tentando se livrar das agressões, mas ainda assim, foi perseguida, agredida e ameaçada por longos sete meses. Hoje o casal continua o relacionamento, só não se sabe se a moça cansou de ser ameaçada ou resolveu perdoá-lo por questões outras, que não o pavor. Fato é que ela desistiu de seu intento, então firme, de abandonar um relacionamento abusivo, cercado de desrespeito e incompatível com quem diz defender a familia. Defender a familia deveria ser buscar o bem estar de todos, não a prevalencia da vontade do homem, a qualquer preço ou custo.

 

E o caso mais escabroso, até aqui, passou despercebido da atenção da maioria das pessoas e da imprensa. Em 2016, na cidade de Nova Era, no vale do aço mineiro, um homem foi abandonado pela companheira e começou a persegui-la. Num domingo encontrou a moça na igreja da cidade, tomou-lhe o celular e viu conversas que não gostou, sentiu-se no direito de invstir contra ela com uma faca, lhe ferindo gravemente. Preso e réu confesso, alegou ser trabalhador e ter sentido um "trem doido" ao perceber que sua ex companheira já se interessava por outras pessoas. O tribunal do juri, formado por sete pessoas dignas e de bem, extrato da sociedade, acatou a tese de "legitima defesa da honra" e simplesmente absolveu o homem de TODAS as acusações. o criminoso saiu livre pela porta da frente do forum e o caso foi bater nas barras do Supremo Tribunal Federal. Na maior instancia da justiça brasileira, o entendimento foi de que o tribunal do juri é soberano e o julgamento só poderia ser anulado se houvessem desrespeitado as provas ou negado o crime. Mas  o que houve foi  os jurados, representando a sociedade como um todo, entenderam que sim, o homem tem direito de se tomar de violente emoção e tentar contra a vida da mulher, ainda que não mais se relacione com ela, caso sinta-se atingido em sua honra. O que seria salutar esclarecer é que honra há em pretender fazer do outro (seu corpo, suas vontades e sua existência) sua posse.




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