Volta as aulas nota zero em São Paulo
Publicado em Fev/09
Em São Paulo o ano letivo começa no próximo dia 16 de fevereiro. Tudo bem que na atual conjuntura do ensino publico paulista não faz tanta diferença assim, mas não se sabe com quantos e com que tipo de professores. A ilustríssima secretaria de educação, Senhora Maria Helena Guimarães de Castro, resolveu “avaliar” os professores temporários da rede. Muito bem. Três mil deles obtiveram nota zero. Segundo o sindicato a nota zero significa apenas o protesto dos que se abstiveram da tal avaliação, pouco importa, já que a maioria não é mesmo qualificada.
O diabo é que a APEOESP, o tal sindicato, conseguiu, em cima da hora, cancelar a validade da tal avaliação que serviria para atribuição de aulas em 2.009 e sem tempo para se reorganizar, a atribuição está sendo feita mesmo a toque de caixa e na segunda-feira, dezenas de milhares de professores (dentre os quais os que receberam nota zero) estarão recepcionando seus filhos nas escolas tendo como material a cara e a coragem. Deve ser um Deus nos acuda.
Nós contamos com dois tipos de professores nas escolas publicas. Os primeiros são os idealistas, que amam o magistério e acreditam na missão de educar, entre estes as mocinhas recém saídas da faculdade de pedagogia. Além destes temos os incapazes ou acomodados, que se sujeitam aos baixos salários e as condições “insalubres” de trabalho por comodismo ou por pura falta de opção.
A carreira do magistério está sucateada e os cursos de pedagogia muitas vezes são abraçados apenas por serem os mais em conta em qualquer universidade meia-boca, única opção aos mais pobres de conseguirem um diploma. Os mais pobres conseguirem um diploma em uma universidade de baixo nível não é uma coisa ruim como parece, pelo contrario. É muito melhor um diploma superior qualquer do que diploma algum. Seria uma benção se o estado valorizasse estes bravos profissionais e lhes fomentasse a graduação necessária, moldando os profissionais recém formados de acordo com diretrizes pré traçadas, atualizando-os anualmente e aí estabelecendo remuneração por meritocracia, expelindo gradualmente os acomodados e incompetentes e valorizando os esforçados e bons profissionais. Um projeto a longo prazo.
Da forma que está, quando o professor tem que trabalhar em 2, 3 escolas para poder se manter e pior ainda, sem vinculo empregatício por anos ou décadas, fica mesmo muito difícil para estes profissionais se reciclarem e acompanharem o desenvolvimento, restando a opção trabalhar ao maximo hoje para garantir o prato do dia e o amanhã.
Assim esta avaliação chega a ser desumana. Imagine um professor que nos últimos 10 anos deu aula em regime temporário para as escolas estaduais, trabalhando diariamente das 7 horas da manhã até as 11 horas da noite. A única garantia profissional que ele tinha era sua pontuação, já que cada hora aula lhe valia pontos para a atribuição no ano seguinte.
Mas de repente nossa brilhante secretaria de educação lhe impinge esta avaliação, onde ele deverá concorrer com jovens professores recém saídos da faculdade, logo muito melhor preparados que ele para tal avaliação. Sem falar que estes novos professores estarão mais afiados para uma avaliação teórica mas isto nem de longe garante o desempenho do antigo professor em sala de aula. A empatia com os alunos, a experiência em lidar com os problemas cotidianos da escola publica e em driblar as dificuldades em se ministrar aulas na periferia.
O resultado seria dezenas de milhares de professores experientes, porem com o currículo defasado jogados na lata do lixo e substituídos por jovens recém formados sem experiência qualquer em elaborar e ministrar aulas ou administrar as deficiências intelectuais e comportamentais de seus alunos. Os primeiros não farão jus sequer a uma gratificação por tempo de serviço e os novatos logo se desiludirão com a carreira e se tornarão ainda piores que os atuais.
Não fosse tudo isto muito ruim, a pendenga judicial entre a APEOESP e a secretaria de educação continua, corremos então o risco de começarmos o ano letivo com os desmotivados professores antigos e a qualquer tempo estes saírem por força de decisão judicial dando lugar aos desorientados novos professores para mais a frente uma reviravolta reconduzir os primeiros a sala de aula.
É mesmo muito ruim a situação de nossos alunos, mas o principal problema não está nos professores desmotivados ou nos professores inexperientes e sim na administração incompetente de todo o problema. Gente que tem a sensibilidade de uma retro-escavadeira não vai mesmo entender nunca que pouco importa trocar os atuais professores por novos, sem método e sem planejamento as coisas só podem piorar. Até Einstein se tornaria medíocre caso aceitasse se meter numa balburdia destas.
A avaliação da secretaria deu zero para trÊs mil, mas nem precisa ser professor para decompor este numero reduzindo-o a apenas dois zeros: Um para a secretaria e outro para o nosso excelentíssimo governador. Afinal, são os responsáveis por esta situação calamitosa.
Mande seu e-mail para a secretaria:
infoeducacao@educacao.sp.gov.br
Chupa esta manga!
SÃO PAULO – Dois pedidos de abertura de comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo foram protocolados nesta quinta-feira para investigar o que está sendo chamado de “máfia da merenda” na Prefeitura. O Ministério Público Estadual (MPE) investiga suposto esquema montado por empresas para fraudar e direcionar licitações de merenda na capital.
O ministério publico avisou, o prefeito se fez de rogado e agora diz que nem sabia. Uma máfia instalada no estado com a finalidade exclusiva de fornecer merenda de péssima qualidade e em quantidade insuficiente a preços exorbitantes é tudo o que os alunos do combalido sistema de ensino publico precisavam para se motivar a estudar.
Agora faz mais sentido o termo “turno da fome”. Quem vai matar a fome com comida pouca e estragada? A diferença é a dimensão que o termo alcançou, ou todos os turnos da escola municipal.
De uma hora para outra manda-se gente comissionada embora, prepara-se nova licitação e assim faz-se com que o eleitor menos atento tenha a sensação de trabalho para combater a corrupção. O mais cético vê apenas como maquiagem para desviar a merda de alguns ventiladores. Se houver CPI vai acabar como todas as outras no município desde a primeira máfia dos fiscais e daqui a pouco o escândalo da vez leva o atual para o limbo e fica tudo muito bem.
Cidadão quem? Deixa aqui o registro de como o ensino publico é tratado. Quem achou que verba carimbada para a educação era sinônimo de melhoria se enganou. Administrador sem vergonha na cara, nomeado sabe-se lá com que tipo de critério, sempre vai arrumar uma forma de fazer o seu trabalho que nada mais é do que roubar o povo em prol de seus padrinhos ou de si próprio.
Nunca antes na historia deste país o sifuderio agiu tão descaradamente em todas as instancias de poder enquanto o povo continua sua marcha lenta sifu aqui e ali.
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