Copa 2010 - A nostalgia de um ex fanático torcedor: Do radinho à Internet.
Sempre que a Copa do Mundo se aproxima a nostalgia ronda os torcedores mais "antigos". Eu tenho acompanhado esta festa mágica do futebol desde 1982, mas os melhores anos como torcedor foram no final dos anos 80 e inicio dos 90, quando eu começava a "me entender por gente".
Cedo comecei a conciliar os estudos e o trabalho. No final dos anos 80 estas modernidades da comunicação ainda não existiam e meu companheiro era um bom e velho walkman, a invenção de um brasileiro que foi surrupiada pela Sony.
Aos 14 anos era um fanático torcedor de futebol. Ia sempre que podia aos estádios, jogava bola num time de bairro e na rua e organizava animados campeonatos de futebol de botão.
Em meu precioso fone de ouvido poucas eram as vozes que se sucediam. O dial do “radinho” variava entre uma antiga radio rock de São Paulo (89 fm) e os melhores locutores de futebol de então. Osmar Santos era o preferido, chamando jogadores fantásticos de “animal”, apelido que depois virou exclusividade de Edmundo e narrando lances com frases inventadas na hora como o “Piti piti Pó, Piti Pó, Pó Pó”, seguido pelo ainda ativo José Silvério com seu indefectível “Vai buscar no fundo do gol, para você, para toda a torcida do Corinthians e para mais ninguém!”. Gostava também de ouvir Oscar Ullisses gritar a plenos pulmões “Quebra tudo coringão! Quebra tudo coringão que o meu coração se alegra!”.
Eu preferia acompanhar o futebol pelo radio, primeiro pela mobilidade do walkman e depois por que ouvir radio era como ler um livro, as palavras dos narradores desenhavam lances em minha imaginação fértil de garoto.
Na tv, além dos Dinossauros Galvão Bueno e Luciano do Vale, haviam como opção o bom Oliveira Andrade e o gaiato Silvio Luiz que nem de longe passavam a mesma emoção, Kleber Machado então, quando migrou dos estúdios para os estádios era uma calamidade. O futebol na tv só era interessante nas inúmeras mesas redondas, até a globo tinha seu esportivo dominical.
Não é difícil notar que o futebol consumia boa parte de minhas horas vagas. E olha que o Brasil passava por uma entressafra danada de craques.
Com o passar dos anos eu nem percebi como ou quando o futebol e o radio foram perdendo espaço em “minha agenda” diária. Não que eu goste menos do esporte, mas ir ao estádio tornou-se uma raridade, o futebol de botão ficou na lembrança, a radio 89 (Onde ouvi os Mamonas Assassinas tocarem no radio pela primeira vez) não é mais a radio rock e sentar com amigos num domingo para assistir a uma partida de futebol é a expressão máxima de meu “fanatismo”.
Acompanho os bastidores do esporte pela Internet e a discussão sobre a rodada que tradicionalmente ocorria as segundas-feiras no trabalho ou no colégio também migraram para o meio virtual. Um dia destes preciso comprar um radinho à pilha e levar meu filho (que já vai completar 14 anos!) ao Pacaembu, para ver o futebol com os olhos que eu via. O Winning Eleven não pode ser mais emocionante que futebol de verdade.
Os motivos que me afastaram dos estádios (além da falta de tempo) como a infra-estrutura precária e a violência ainda não foram equacionados, mas ver Ronaldo, Roberto Carlos e Cia. É mais motivador que os heróis de meu tempo, como Ari Basão, Jacenir e Ezequiel!
2 comentários
Ha ha,
Faltou falar aí do milton merchan neves. Quem não ouvia o terceiro tempo?
Muito bom!
Rapaz, você deveria escrever um livro. Este artigo, sendo verdadeiro ou ficticio, é uma sintese perfeita do torcedor paulistano, Parabéns!
Seu Chico.
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