O transito no Grajaú será noticia em breve: Quando virar uma tragédia!
O bairro do Grajaú, no extremo sul da capital paulista é um caso emblemático de descaso do poder público. A região do Grajaú, dividida em pequenos bairros ao redor da avenida principal, abriga mais de meio milhão de pessoas.
O bairro fica numa região de proteção aos mananciais. Deveria receber investimento e atenção redobrados do poder publico, mas a intrincada legislação ambiental serve como o pretexto perfeito para o abandono.
O bairro nasceu como um bairro dormitório. Nos anos 60 e 70 era uma região predominantemente rural distante do centro quando foi agraciado com a construção de um conjunto habitacional da Cohab. A partir de então a região tem crescido e se desenvolvido por conta própria e a passos largos.
A avenida Dona Belmira Marim é a principal via de acesso ao Grajaú. Devido ao grande numero de veículos -e a falta de investimento na região -chegar ou sair do bairro pela avenida Belmira Marim é quase sempre um transtorno.
Sem investimento e fiscalização, o entorno da represa Billings se tornou - primeiro uma enorme favela e depois - uma cidade e quando os órgãos públicos atentaram para o fato já era tarde. Não encontraram meio de remover milhares de família e a infra-estrutura básica foi feita como deu.
Com a estabilidade econômica duradoura, os setores de comercio e serviços descobriram a região. Primeiro vieram os supermercados e no rastro destes desde escolas de idiomas a ampla rede bancaria.
As condições de moradia melhoraram e a renda crescente da população trouxe outras “conquistas” para o bairro. O bairro violento e pobre dos anos oitenta se transformou num microcosmo social com economia e vida próprias. Mais da metade da população tem acesso a Internet e automóvel e o próprio bairro oferece emprego formal aos milhares.
Como não recebeu investimento publico de acordo com a demanda praticamente todos os serviços públicos são insuficientes. Um pronto socorro e um hospital geral atendem toda a população em casos de emergência; é simplesmente muito pouco. Alguns alunos precisam ser transportados em ônibus fretados para além dos “dois quilômetros” previstos pelo governo como distancia razoável entre a casa e a escola e o transporte publico está estagnado.
Todas as segundas e sextas-feiras um curioso evento noturno vem se tornando tradição: A procissão dos moradores desde o terminal Grajaú de ônibus ao longo da Avenida Dona Belmira Marim. O transito simplesmente para nos dois sentidos e quem precisa chegar em casa depois do trabalho precisa caminhar quilômetros. São milhares de pessoas praticando uma caminhada noturna e involuntária após o cansaço durante o dia.
Nos outros dias da semana, se a avenida não trava, o transporte publico feito principalmente por meio de microônibus é lotado e caótico. É um curioso paradoxo: A principal artéria do transito não comporta mais veículos grandes (na verdade nem pequenos) e os que circulam não são suficientes para transportar todos os passageiros na hora do rush.
Na ultima semana de maio, os moradores indignados e cansados programaram um protesto e aí (bingo!) o poder publico apareceu. A tropa de choque e a CET “invadiram” a avenida, reprimiram o protesto, fecharam os acessos à avenida (usados como rota alternativa) e com a “orientação” dos agentes públicos neste dia o transito fluiu um pouco melhor. Mas 200 agentes públicos numa única via todos os dias custa caro, então eles foram embora e aí o caos voltou a reinar.
Não se surpreenda caso nos próximos dias a tv noticie um protesto violento, daquele tipo que colocam até fogo em ônibus. O povo está se sentindo sem alternativas e é difícil segurar um barril de pólvora prestes a explodir. O ir e vir é o mais básico dos direitos humanos e quando até ele está prejudicado é por que o povo está só. Isto é um perigo.
Nem é tão caro ou difícil resolver os “gargalos” da tal avenida, mas é na borda mais longínqua da cidade e a visibilidade é pouca. Subúrbio só dá ibope quando uma desgraça acontece.
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2 comentários
Excelente este texto, diz em poucas palavras o caos que existe na região do Grajaú, esquecido pelos governantes. O trânsito na av. Dona Belmira Marin é como em Bangladesh, sem leis, sem ordem, onde quem sofre diariamente são os moradores da região, que pagam seus impostos e não recebem nada em troca. É triste ver o descaso do Poder Público frente à questões da periferia...
amei a historia complementando o caso a prefeitura esta jogando dinheiro fora fazendo disfarces na propria avenida inves de fazer um caminho alternativo eles estão quebrando e reqebrando a Belmira marim atraz da praça proximo ao circo escola existe um corrego que nem se quer foi terminado os caras podera terminar ele ao inves de jogar tanto dinheiro fora
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