Você casou: Com a pessoa, na idade ou o numero de vezes errada?
Fabio Junior, o fino do brega, cantava “Nem por você nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos, quero saber bem mais que meus 20 e poucos anos”. Em crônica desta semana na revista Época, Ivan Martins, editor executivo e psicanalista a lá “Zeca bordoada” nas horas vagas, afirma que casar antes dos 25 (ou 30) é o grande motivo para que com o tempo o cônjuge nos pareça de má índole, fútil, oco, com comportamento patológico. Afirma que geralmente quando a mulher insulta o marido aos berros (sendo a reciproca verdadeira) sempre existe uma criança no meio e que o casamento “precoce” é a ultima doença da infância. No fim das contas, todos os que chegam frustrados aos 40 são vitimas de um casamento precoce. Recebe (como sempre) uma enxurrada de criticas de suas fiéis e românticas leitoras.
Sendo simples assim, quando um adolescente chegar ao psiquiatra com aquela baita crise existencial basta prescrever “não case” que tudo se resolverá e o mundo será maravilhoso.Vovó nunca foi editora de nada e casou somente uma vez na vida, aos 13, mas tinha uma solução que julgo muito mais procedente para a charada: “Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza.”.
O primeiro casamento ocorrendo aos 10, 20 ou 60 anos sempre será um tiro no escuro. Pode ser o grande premio como pode ser o grande tormento. O comportamento patológico surge de uma rotina e quem nunca vivenciou jamais poderá identificar seus sinais e se esquivar do ponto que os insultos e agressões tornem esposos em canalhas e mulheres em crápulas.
O assédio moral no casamento não se impõe, na maioria das vezes, de supetão. Alguém acorda um dia e se sente tão humilhado e diminuído que questiona toda sua existência, mas jamais este alguém conseguirá lembrar onde tudo começou ou como evoluiu para uma tragédia. Neste ponto as coisas estão tão intrincadas que fica difícil saber quem é mais ou menos culpado e qual a medida certa para dar um basta na situação, podendo danificar irremediavelmente -a vida de duas pessoas- por anos. Em plena era da informação poucos são os casamentos que se sustentam em filhos ou valores morais, menos ainda na dependência financeira. Casamentos ruins que se tornam um martírio duradouro ocorrem por causas quase freudianas.
As paginas policiais e a lei Maria da Penha fazem o senso comum identificar a mulher como grande vitima do casamento, mas a única frente de batalha que o homem leva vantagem quando o casamento se torna uma guerra é a força física. Mulheres são muito mais capazes de serem dissimuladas, manipuladoras e dominam muito mais a técnica do assedio moral. Enquanto um home ferido agride e vai preso, uma mulher ferida pode fazer da vida de um homem o quinto dos infernos de Dante Alighieri.
Quem casa depois dos 30, geralmente casa pela segunda vez. É certo que aos trinta todo mundo sabe um tanto mais da vida, das pessoas e de si mesmo, mas a primeira experiência pode ter sido tão ruim ou tão frustrante que certamente a pessoa fará o que for preciso para não errar novamente, e trata de abandonar o barco bem antes da deriva, nos primeiros sinais de “trinca no casco da nau”, tanto que alguns casam tantas vezes quanto for preciso (ou possivel, ou capazes, sei lá...)
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