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Diario de Classe - Liberdade e responsabilidade de expressão.

Pagina de Isadora - Imagem de reprodução
Isadora Faber é uma estudante catarinense de apenas 13 anos. Em uma atitude saudável, ela criou uma página na rede social facebook, para tratar de seu dia-a-dia numa escola pública. Ao criticar uma professora que supostamente havia incorrido em atitude indevida, a página ganhou notoriedade, alcançando 6 mil seguidores. 

Por falta de sensibilidade, a professora registrou um boletim de ocorrência contra a adolescente por calúnia e difamação - esta sim, uma atitude indevida, e o caso ganhou a imprensa nacional, levando a popularidade da página a niveis profissionais (já bateu em 300 mil seguidores), fomentando uma polarização entre a estudante e a escola e criando um ambiente propicio à hostilidade na relação entre alunos e escola pública em toda a internet brasileira.

O acesso democratico a internet e a informação é louvavél, a conquista -na prática- da propalada liberdade de expressão é formidável, mas é preciso critério, senso crítico e responsábilidade ao utilizar estas ferramentas.

Uma criança de 13 anos "falando" diretamente para 300 mil pessoas e indiretamente para milhões, ao polarizar contra toda uma comunidade escolar, cria um disparate. A primeira vista parece uma luta entre "Davi e Golias", mas nestas circunstâncias as cousas se invertem e a força passa a ser da aluna, que usa sua popularidade sem compromisso com as leis que regem a convivência adulta, sem preparo intelectual e sem amarras de padrões sociais; afinal, o que se espera de adolescentes é ingenuidade, certa dose de rebeldia e nenhuma maldade.

O trabalho na escola pública não é fácil. Professores são mal remunerados e treinados e enfrentam todo tipo de personalidades possiveis, num caldeirão imprevisível que a sala de aula se apresenta. Muito dos resultados positivos, são provenientes da soma de esforços pessoais destes profissionais. A direção por sua vez, precisa comandar tudo isto (o pedagógico) e simultaneamente ser o gestor administrativo. Fazer uma escola funcionar implica em garantir professores motivados, alunos comprometidos, instalações utilizáveis, mobiliário, equipamentos, materiais e merenda satisfatórios. Este é um conjunto bem razóavel de pontenciais problemas.

A crítica social consciente é mais que desejável, uma ferramenta para lutar por direitos. A critica vazia e sem compromisso moral, denigre aleatóriamente esforços incalculáveis e não é construtiva de forma alguma. Na escola da Isadora, após um video postado na internet, um professor inexperiente e temporário, que não conseguia (até aquele momento) colocar ordem na classe, perdeu seu emprego - e sonho de carreira.

Numa escola estadual paulista, que passava por reparos emergenciais no telhado (quebrado pela propria comunidade) teve fotos -do único vazamento persistente- públicadas no facebook e se disseminou como rastilho de pólvora, inviabilizando o acompanhamento dos compartilhamentos e tornando inócua uma explicação por parte da direção.

São Paulo têm mais de 5 mil escolas estaduais, a contratação de serviços (por menores que sejam) passa por critérios rigorosíssimos, a fim do bem tratar da coisa pública. Isto tira muito da agilidade que a comunidade espera na manutenção escolar, mas a opção é o descontrole nos gastos. Desta forma, denuncias descabidas distorcem o trabalho e a imagem de gestores e da propria escola.

Existem incontáveis desmandos no serviço público e estes devem ser fiscalizados, denunciados e cobrados por quantos tenham conhecimento, ao passo que sair atirando para todo lado, só por que está em voga e dá popularidade na internet, distorce a realidade e ajuda a ocultar, quem realmente deveria ser denunciado.

Você pode perfeitamente controlar o que diz e torna público, uma vez públicado, por melhores que sejam suas intenções, você perde o domínio sobre suas falas e idéias, já que cada qual pode interpretar como queira e dar destinação que bem entender.

2 comentários

Andréa disse...

Perfeita reflexão.

pesquisadocarlosteatro.blogspot.com disse...

Mas o episódio da professora foi no decorrer da cena. Acho que faltou pontuar onde foi que as regras foram quebradas. Não no sentido de que as leis não possam ser quebradas. E sim na violência dos atos com o oportunismo de jogar a opinião pública contra um cidadão e uma instituição social.