Perdas e Ganhos - Quando alguém importante se vai.
Perdas e ganhos é um titulo descaradamente plagiado de Lya Luft. Até por que me arrisco neste tema que nossa escritora tão competente se mostrou tão magnífica. Hoje faz um exato ano que passei o período mais difícil da vida. Era um domingo, 11 de setembro, sei lá por que diabos ainda postei no FaceBook a música "A lista", de Oswaldo Montenegro, que justamente remete ao que eramos e tínhamos em contraponto ao que somos e temos. Pouco depois tentava socorrer mamãe, que desabara de uma escada. Tinha feito um belíssimo prato, o último preparado por ela. Ficou intacto. Até hoje me arrependo de ter baixado o garfo, que já ia em direção à boca, quando fui curiar o que se passava. O que se passou foi desespero, ao ponto de desafiar a sirene da policia, enquanto tentava vencer o transito, até chegar ao hospital, sob protestos veementes de meu pai. Cinco dias depois, de muita luta e dor, enterramos mamãe. Como diriam alguns: "maktub" (ou está escrito).
Até esta parte sou muito igual a todo mundo. Daí em diante, começo a me diferenciar, não por ser melhor, mas por entender diferente. E acabo me tornando minoria, num mundo onde isto é quase crime. Eu não quero muita graça com o Deus que protegia minha mãe (antes prefiro minhas ações ou o acaso que me protegem-ou não).
Fora isto, sinto uma dor inenarrável, imensurável (e cabe aí todos os adjetivos que não contemplem a grandeza). E prefiro isto. Muitos querem aceitar, superar; mas eu não quero! Eu perdi minha mãe!
Estes dias tudo veio à tona, e expressar isto não é um vitimismo comodo, só para que alguém sinta pena ou se comova e de um abraço ou um "curtir". Afinal, todo mundo perde entes queridos e ninguém é um coitado por isto. O grande barato é fazer, por quem você ama, o melhor possível com a menor publicidade possível, tudo isto enquanto isto seja um benefício para tal ser.
Todo mundo ama pais, filhos, cônjuges e tal e tal. O que, verdadeiramente, faz por estes entes é que são elas. Por isto fico a vontade para expressar toda minha dor, legitima e publicamente. Eu não tenho um deus pra me julgar ou perdoar, as coisas que faço são minha própria responsabilidade e isto me faz dormir, a maioria dos dias, o sono dos justos.
Nem de longe sou perfeito, nem consigo fazer tudo o que atino fazer. Mas tudo o que faço é autentico, é verdadeiro.
Hoje queria ter ido à Capela do Cemitério Parque dos Ipês e feito (veja só!) uma prece, compromissos profissionais me impediram disto, mas eu saí do trabalho na hora exata (para comprar cigarros) e fiz uma prece, andando pela rua, como um desvairado e ainda encerrei o expediente mais cedo, para vir pra casa ficar triste sozinho.
Não rezei pra deus nenhum. Agradeci por ter tido, tantos anos, sua presença e me senti bem confortável por sentir tanta dor no dia de hoje.
Amanhã é outro dia e depois outro e outro e tudo passa. Espero que não passe nunca a importância que aprendi a dar ao que realmente têm valor.
Obrigado Mamãe ( <-Este seria o título original do artigo.)
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