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Por que a educação pública não pode ser religiosa.

No Brasil existe liberdade constitucional de culto. Isto quer dizer que qualquer pessoa, professores inclusos, pode professar a fé que bem entender.  Não existem muitas cenas mais bonitas que uma turma de primeiro ano (crianças de 6 anos) agradecendo a Deus pelo alimento no refeitório escolar. O problema é que, sobretudo na escola pública, é possível que nem todos sejam seguidores da fé cristã – predominante no Brasil.
Se a escola pública contemplar alunos cujos pais são seguidores de fé diversa a cristã, então entramos em dilemas de efeitos insondáveis na formação de tais crianças.
Quem vai para a escola, vai para aprender o que é liquido e certo. Não existe possibilidade cientifica de se contestar o “B+A=BA” ou o “2+2=4”. O currículo escolar é subsidiado pelo que é amplamente experimentado e tido como comprovadamente correto.
A ciência, em toda sua grandeza, é mutável, mas isto se dá a partir de pesquisas continuas e novas descobertas estatisticamente aprovadas, depois de testadas à exaustão.
Em suma, isto significa que quem vai à escola, vai para aprender uma verdade única e universalmente aceita.
Quando o professor incorpora elementos de sua fé à suas aulas, ele distorce o processo célere de tornar seus alunos mais sapientes e cientes, isto por que não existe uma religião universal ou uma verdade religiosa universalmente aceita. As três maiores religiões do planeta são o cristianismo, o islamismo e o hinduísmo.  Elas simplesmente divergem essencialmente em tudo (em que pese usarem elementos parecidos em determinadas situações) e não usam métodos que testem suas crenças de forma que se possam comprová-las como de efetiva eficácia.
Se você pegar quatro palitos de fósforos, você pode comprovar a olho nu as operações matemáticas e infalíveis. Quantas vezes ou formas você encontrar para testar a hipótese de que existem quatro palitos, o resultado será invariável. Então você está fazendo ciência.
Quando você fizer teste semelhante para provar a eficiência de Deus, Alá, Jesus, André Luis (espiritismo), Exu (religiões afro), Shiva (hinduísmo) ou qualquer outro dito “ente superior”, você precisará abrir mão de seu senso objetivo, aplicando boa dose de subjetividade para encontrar resultado aceitável, ou seja: Religiões não passam recibo de seus feitos. Existem por conta da capacidade humana de ter fé e ter fé é acreditar no que não se pode ver ou comprovar, de forma que é diverso do que se deve ensinar na escola.
Todos precisam aceitar, invariavelmente,  que  “2+2=4” para ser aceito como educado, por outro lado cada qual pode perfeitamente escolher que ensinamento lhe cai melhor ao gosto ou a fé, para ser aceito como religioso. Não são cousas compatíveis.
Isto não quer dizer que ser religioso é ruim, diz apenas que dogmas não podem balizar o conhecimento.  Você pode escolher acreditar no que quiser, mas não pode exigir que todos pensem como você. Antes de discordar faça o seguinte teste: Digamos que você esteja vendendo sua casa. Um banco estatal lhe proponha financiá-la para um de seus clientes pelo valor hipotético de R$ 200 mil, a ser liberado em um prazo de 90 dias, com entrega das chaves mediante liberação do dinheiro; como opção, um investidor desconhecido que tenha tido noticia de sua intenção em vender,  lhe propõe R$ 500 mil, para pagamento em 30 dias, mas com entrega imediata das chaves e transferência de documentos.
Nada impede que o investidor tenha um ótimo negócio avençado para seu imóvel e lhe pague religiosamente no dia marcado, mas certeza mesmo...

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