Ninguém tem porque comemorar o impeachment - Mais do Mesmo.
Muita gente desconfiava dos propósitos do impedimento de Dilma, notadamente os que apoiavam o governo e a esquerda e valorizavam mais o viés social da administração que suas mazelas (ou crimes) políticas e econômicas. Hoje está consumado mas o desfecho suscita mais dúvidas que certezas e até quem apoiou a derribada do Lulo-petismo deve prestar muita atenção no desenrolar dos fatos.
O que sabemos?
Sabemos que Lula desvirtuou o ideal da esquerda em beneficio próprio e de seu projeto de poder;
Sabemos que boa parte da cúpula política nacional está envolvida em recebimento de "vantagens indevidas" para si ou para seu partido; sabemos que Dilma teve um julgamento eminentemente político; sabemos que o desfecho costurado por PT, PMDB e Supremo (na pessoa de Lewandowski) é ilegal e anticonstitucional. O crime de Dilma foi riscado do rol de malfeitos e legalizado a toque de caixa logo após a extremavotação.
O que seria justo?
O justo seria que o julgamento de Dilma fosse isento e seus pares decidindo pelo afastamento, lhe aplicassem a pena prescrita na constituição. Se ela não merece a pena, não pode ser culpada.
O que podemos conjecturar?
O povo estava descontente com o governo Dilma principalmente por seu desempenho econômico. Quando Lula foi pilhado no mensalão o impeachment não saiu das rodas mais afoitas por que o momento econômico era bom. Agora, com a economia indo pro ralo (com boa colaboração do congresso em sua agonia) e uma manipulação ardilosa dos "movimentos populares", os crimes dos partidários de Dilma tiveram suas viceras expostas para dar o verniz que o afastamento precisava. Tanto é assim que o PMDB apeou do governo levando boa parte dos acusados nos "desmandos e crimes" deste governo.
Com a operação lava-jato tomando proporções próprias restaria uma ampla reforma política e a construção de cadeias em número suficiente para colocar tanta gente. Esta saída não era boa pra ninguém dentre os envolvidos, que por "acaso" são os detentores das cartas do jogo.
Não é de se estranhar que tenha ocorrido algo mais ou menos assim:
A cúpula política e jurídica do país, apoiados pela cúpula financeira, na surdina tramaram um golpe de mestre. Vamos ofertar a cabeça de Dilma que nunca foi ninguém nos "papéis de bala", aumenta-se a sensação de justiça e vingança (sim, o povo adora uma vingança, sobretudo do tipo que tem cabeças servidas em bandejas) e na medida do possível vamos livrando os anéis (nomes fortes da política tupiniquim), quando muito todo mundo, quando pouco garantimos os dedos (ou tetas mamárias desta vaca gorda chamada arcabouço político brasileiro). Ou seja: Mudamos tudo para não mudar nada! No máximo, entregaremos um ou outro descuidado que permitiu contra sí a feitura de provas irrefutáveis.
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