Quando Jesus escreveu (reflexão de natal).
Segundo a bíblia Jesus era exímio orador, mas não se tem noticias de que tenha lido ou escrito por ai (alguns aventam a possibilidade de que tenha sido analfabeto, coisa comum ao povo da época). Um olhar mais atento às escrituras, no entanto, mostra que em uma oportunidade Jesus escreveu sim. João (o evangelista) não deixa claro infelizmente o que Jesus escreveu, mas deve ter sido cousa muitíssimo interessante.
Certa feita Jesus estava ensinando no templo quando alguns homens chegaram arrastando uma mulher adultera que segundo a lei vigente (a de Moisés) deveria ser apedrejada até a morte. Sem mudar o semblante ou alterar a voz o mestre rabiscou alguma coisa no chão de terra, depois proferiu as seguintes palavras: -Aquele que não cometeu pecado, que atire a primeira pedra. Os acusadores saíram de fininho e a deixaram a mulher em paz.
Jesus então questionou sobre os acusadores e exortou a pecadora: Ninguém te condenou, tampouco eu o farei. Vá e não peque mais.
Nos nossos dias, muitas vezes, estamos muito mais propensos a acusar, a apontar o dedo e a ver o que julgamos ser um erro ou defeito do outro. as redes sociais são um estimulo e tanto para "inspirar" o espirito competidor inerente ao ser humano no sentido de se autoproclamar e denegrir o próximo. a aparente fortaleza que a tela (do computador ou celular) oferece funciona como um propulsor para evidenciar o que diminui o outro e nos engrandece.
Aquelas pessoas que levaram a mulher até jesus não eram malfeitoras, eram pessoas bem postas na sociedade e na igreja. É impossível apurar o que Jesus tenha escrito naquele momento, mas acho que é plausível deduzir que tenha sido a maior e mais brilhante parábola sobre empatia humana, por dissuadir aquelas pessoas de oprimir alguém somente fazendo um exame de consciência.
Nos últimos dias quem andou pelo pavilhão da bienal no parque do Ibirapuera em São Paulo se deparou com uma experiência interessante oferecida pelo museu da empatia. A experiência consistia em escolher um sapato que vinha acompanhado de fones contando a história de seu proprietário. a ideia de caminhar com o sapato do outro enquanto ouve sua historia de vida nos remete, pelo menos por este instante, a se colocar um pouquinho no lugar do outro, saber suas dores, seus sonhos, suas dificuldades, decepções, em fim, sentir-se como o outro de verdade, ao invés de julgar pelo que vemos e achamos.
Neste natal, este pode ser o melhor presente que você pode dar aos outros e a si mesmo: Quando olhar criticamente para alguém, tente fazer um exercício mental se colocando em seu lugar, imagine suas lutas e suas dificuldades e a trajetória que lhe trouxe até aqui, depois faça um exercício de auto exame e ai, caso sinta-se seguro ainda assim, atire então a primeira pedra.
Feliz Natal!
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