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Greve dos caminhoneiros - Por quem os sinos dobram?

A repórter da Globo News entrevista o caminhoneiro:
- Nós só voltamos ao trabalho quando o governo publicar no diario oficial as medidas que atendem as nossas reivindicações!
-Mas... já foi publicado!
(rápido cri-cri-cri)
-Então alguém vai ter que trazer o papel aqui pra gente ver!
A cena é um bom retrato do movimento de paralisação.
imagem da internet

As ditas reivindicações são mais que justas, o movimento e o que se tornou, não é. Os caminhoneiros autônomos somam pouco mais de 45% dos transportadores do país e sofrem por ter menos poder de barganha que as empresas, seja na hora de comprar insumos e fazer manutenção, seja na hora de negociar o frete. É evidente que faltou sensibilidade, inclusive politica, no governo para enxergar e amenizar a situação.

A politica de preços da Petrobrás é um ótimo negocio para os acionistas da empresa, mas para o país gera insegurança para quem depende do combustível como item essencial para tocar o negocio ou trabalho e desfalque no orçamento de quem depende do transporte em alguma medida. Comparar o preço com os países desenvolvidos é desonesto, porque se considerar o nível de salario e emprego e outros indicadores a coisa muda radicalmente de figura. Para o Brasil o combustível pesa bem mais no fim do mês, até para quem não tem carro e não usa transporte público, já que quase tudo o que se consome chega por transporte rodoviário.

Este governo é o que nos idos tempos chamavam de  "malandro agulha" (vale uma pesquisa no google sobre a letra da música e o sentido do termo nos aos 80), se puder ele arocha, se alguém gritar mais alto ou mostrar o bigode mais grosso ele afina e recua. O que importa para Temer é não ter criticas aos atos de seu governo publicadas na imprensa. Na greve o governo se enrolou todo, o país amarga tantos bilhões em prejuízo que eventuais concessões para evitar a situação atual pareceriam trocados e a Petrobrás voltou as cordas do ringue no mercado, dada a insegurança quanto ao futuro de sua gestão. 

Depois do leite derramado faltou ao governo informação, inteligência e pulso. O movimento nasceu a reboque do whatsapp e cresceu com interesses tão difusos e contraditórios quanto todas as coisas amplamente divulgadas pelo aplicativo. Tem gente querendo aumentar o frete e diminuir o diesel ou o pedágio, mas há também muitos interesses regionais que são fortes em determinados lugares sem fazer sentido em outros, como tem também nego querendo a volta da ditadura, de Lula ou só o caos pelo caos (aventa-se a infiltração de facções criminosas no movimento). Como o barulho foi grande e a população apoiou o protesto (aqui vale a nota: apoiou por achar que a greve é contra o aumento dos combustíveis, outro grande engano ou engodo ja que a categoria luta por suas demandas exclusivamente, inclusive pelo aumento do frete, o que geraria aumento de preços generalizados), o governo não teve habilidade para entender e debelar o movimento, virou oba-oba e ninguém sabe mensurar o tamanho do prejuízo que sobrará para todo o país quando isto acabar.

Até aqui houveram dois acordos com dois grupos de representantes que não tem ascendência ampla sobre a categoria, denuncias de grupos alheios ao movimento agredindo e obrigando caminhoneiros a continuarem parados, muita desinformação, desarticulação e 1/3 do mês perdido para muita gente. Daqui uns dias vem a ressaca e muitas cabeças -que hoje estão eufóricas- vão doer.

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