Eleições 2010 e o Faroeste Caboclo.
Quando eu ainda era garoto adorava filmes de bang-bang. As facilidades do DVD ainda não haviam chegado e alugar uma fita na vídeo-locadora custava bem caro. Uma coisa que me intrigava (e deliciava, eu confesso) nos filmes do velho oeste é que era muito comum os bandidos serem muito mais simpáticos e humanos que os homens da lei. Não era raro que a turma torcesse muito mais para o bandido que para os mocinhos.
Hoje os tempos são outros e as casas contam com mais eletro-eletrônicos que moveis. São tantas opções para tão pouco tempo livre que pouco sobra para ver filmes e são tantos filmes que ainda menos sobra para ver filmes da bang-bang.
Naqueles tempos meu pai declarava o telefone no imposto de renda e muita gente vivia de alugar linhas, já que o preço de uma linha telefônica era proibitivo e mais que isto simplesmente não existiam linhas disponíveis no mercado. Diversão eletrônica para as crianças (e nem todas) era o videogame Atari; TV em cores era um luxo; geladeira do tipo duplex era status e o velho aparelho de som 3 em 1 encerrava a lista de posses eletrônicas dos pobres menos pobres que os realmente pobres.
Hoje o telefone fixo é um serviço básico e comum que nem todo mundo quer ter em casa. O telefone celular vai existir em maior quantidade que pessoas no país até o final do ano. Computadores custam menos que dois salários mínimos. A banda larga é acessível a todos e os moderníssimos videogames disputam a preferência da criançada nas vitrines das lojas populares. São outros tempos. A estabilidade econômica e a abertura de mercado causaram a maior revolução no consumo brasileiro da história moderna.
A abertura de mercado foi obra de Fernando Collor de Melo, que foi derrubado do trono por uma rede de corrupção que parece amadora perto da maquina petista de pilhar os cofres públicos. A estabilidade econômica foi obra de Fernando Henrique Cardoso, que foi demonizado por não ser tão socialista quanto sociólogo. Lula, o pai dos pobres e filho da pátria surfou na onda dos antecessores enquanto seu partido nada de braçada na corrupção. Caiu quase uma dezena de ministros e o numero de denuncias contra a administração petista é tão incontável quanto interminável.
Assim como nos filmes de bang-bang, o bandido conta com a simpatia do publico, que torce para que ele derrote os sisudos amigos da lei. A diferença é que neste filme, a vitima é você, meu caro telespectador-eleitor.
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