Corinthians na libertadores – Almejou como nunca, perdeu como sempre.
Quando eu era garoto oscilava entre ser são-paulino e corintiano ao sabor da influencia do momento. Quando passei a acompanhar o futebol mais de perto percebi que os garotos corintianos amavam o time de uma forma comovente. Já sabia então para que time torcer. Eu amava o futebol como um corintiano.
Assistia – e ouvia pelo radio – quantas partidas pudesse, jogava bola na quadra da escola, no campinho, na rua, no quintal e ainda disputava campeonatos de futebol de botão. Naqueles tempos o Corinthians tinha uma grande barreira a quebrar: Jamais tinha sido campeão brasileiro, o que o tornava um grande time regional. Nem pesquisei muito para saber que pouco tempo antes o time ficara mais de duas décadas sem ganhar titulo qualquer. Ser corintiano era uma coisa intrigante, uma mistura de sofrimento e esperança que tornava a fiel torcida a mais autentica e apaixonada do país.
Em 1990 eu estava no Morumbi quando o time de Jacenir, Fabinho e Tupãzinho (Que foi até parar na revista placar, e somente nela, com um dos maiores de todos os tempos) bateu o São Paulo e levantou o primeiro caneco nacional, façanha que nem a democracia corintiana de Sócrates e Casagrande conseguira. As cobranças e anseios da torcida tornam a camisa do Corinthians pesada como chumbo. É preciso ter mais que um bom time para vencer os campeonatos que a torcida deseja com mais ardor. Tanto que parece um paradoxo um time medíocre como o de 90 ter entrado para a história.
Aquele time comandado por Nelsinho Batista foi campeão nacional por que tinha um baita diferencial. Um gordinho indisciplinado que batia na bola como poucos e naquele campeonato estava em estado de graça, em entrevista durante a copa da Italia Pelé elegeu-o o melhor jogador do Brasil e a grande falta na seleção brasileira de Sebastião Lazzaroni. Neto teve com Paulo Roberto Falcão sua chance que acabou dando em nada, mas no campeonato brasileiro de 1990 ele carregou o time nas costas e chegou a impressionante marca de fazer um gol a cada três cobranças de falta. Tinha um espirito guerreiro toda vida e isto foi a grande arma do timão para quebrar o estigma de time regional.
Depois da porteira aberta muitos outros “Corinthians” fizeram bonito no brasileirão e o Corinthians passou a ser o time sem passaporte. Dos grandes da capital paulista é o único que não ostenta um titulo internacional, ao menos um disputado fora do território nacional. Disputar a taça libertadores da américa virou uma tortura para o elenco corintiano. No ano do centenário então é um pesadelo. Qualquer um que não tenha nervos de aço treme só de imaginar um tropeço com a camisa do Corinthians e aí está aberto o caminho para a derrocada. Pouca preparação, nenhuma contratação e péssima administração completam o tempero do fiasco. Uma piada popular explica bem o drama da fiél torcida:
O Corinthians quis como nunca, mas perdeu como sempre.
A torcida quebrou tudo no parque S. Jorge (casa do time), de vidraças aos carros dos jogadores. Esculhambaram seu maior ídolo (Ronaldo), o presidente Andres Sanches (Muito justo, por sinal) e o técnico Tite. O vandalismo criminoso é injustificável de qualquer ponto de vista, quanto mais contra Ronaldo que trouxe prestigio ao time, se paga sozinho e ainda deixa um bom dinheiro no caixa do clube, mas a situação da a tônica de como será o restante do ano pelas bandas do Tatuapé.
Ainda vai levar um tempo para fechar o que feriu por dentro.
P.s: E pelo andar da carruagem, muito mais tempo ainda para que o timão ganhe um titulo internacional.
Na verdade, perdeu mais por querer tanto do que outra coisa.
Nenhum comentário
Postar um comentário