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Massacre em Orlando - 50 viadinhos e 1 terrorista a menos no mundo.

Virou modinha fazer ato na avenida Paulista. Se é contra o governo para a avenida, se a favor também. Se é gay fecha tudo para fazer uma parada e se é crente ocupa para fazer uma marcha. Daqui a pouco vamos ter um ato na paulista contra os atos na Paulista, é o que falta.
Como não poderia deixar de ser, ontem mesmo, num frio de menos de 10 graus, houve um ato na Paulista por conta do massacre da boate Pulse, em Orlando, um dos dois destinos turísticos mais procurados dos EUA.

50 familias choram seus mortos nos EUA. No BR são 130 por dia.
Havia uma festa latina num clube gay e um louco achou por bem atirar nas pessoas, deixando pelo menos 50 mortos e mais de 50 feridos, invocou fé religiosa mas a própria família acusa homofobia. É horrível imaginar que exista no mundo - não pouca - gentes que pensam como o título deste artigo. Pessoas estereotipadas que viram números frios nas estatísticas. Afinal, foram 50 mortos!

Estas pessoas tinham uma história, uma família e muitos sonhos e agora são só um número para estarrecer o mundo. Deixaram de ser pessoas para serem as vítimas do massacre. Não José ou João (Ok, Joe e Jhon) mas os 50 gays mortos. 

Em que pese eu não saber ao certo a eficácia do ato na Paulista no desenrolar desta história e nem mesmo se alguém nos EUA vai ficar sabendo que ocorreu, eu entendo a comoção gerada, sobretudo na comunidade LGBT. O que eu não consigo perceber é o seguinte:  Bem aqui neste Brasil sem porteira, todo santo dia morrem - pelo menos - 130 pessoas vítimas de arma de fogo. geralmente morrem no varejo, um, dois, no máximo 4 vítimas por ocorrência. O Brasil, inclusive é o campeão mundial de violência contra a comunidade LGBT. Cadê as manifestações?

Estas pessoas que morrem a granel por estas bandas também deixam para trás histórias, famílias e sonhos. São só estatísticas por serem pretos, pobres, gays ou qualquer outro estereótipo que caíba, mesmo sem cabimento.

Quando os brasileiros saem para o trabalho e vêem mais um corpo estendido no chão não ficam chocados, seguem seus caminhos e seus dias com a certeza absoluta que há um bom motivo para aquela morte. Na certa era um maconheiro ou ladrãozinho ou viadinho, que se estivesse dentro de casa ou na igreja não teria morrido.  As mulheres vítimas dos companheiros é que escolheram errado. certamente não teriam morrido se tivessem casado com um homem decente. E assim, de caso em caso ou descaso, fechamos cada 24 horas com 130 vítimas de arma de fogo. 42 mil por ano.

Se tem atentado na Europa ou nos EUA vamos nos manifestar nas redes sociais e na Paulista, pois pessoas morreram brutalmente e em número que não se pode contar nas mãos. Agora, se o mesmo ocorre na África, no Oriente Médio ou nas periferias brasileiras, vitimando pessoas a margem da sociedade, tá tudo bem?

Você tem todo o direito de se comover com os crimes de repercussão mundial mas, ninguém deveria ser um número, sobretudo quando lhes roubam a vida de forma estúpida. Meus sentimentos a famílias que perderam seus entes no massacre de Orlando e também aos que perderam nos atentados do Oriente e nas periferias brasileiras.  Somos todos humanos.

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